☼ UMA BREVE HISTÓRIA DA VILA
Você conhece a história de Ponta Negra?
Por ser moradores, sabíamos uns pedaços de história escutadas na escola e outras ouvidas por alguns moradores. Depois de três meses respirando a vida do bairro e escutando as várias vozes que nele vivem pudemos fazer um apanhado de informações interessantíssimas.
E como conhecimento nunca é demais e também não ocupa espaço, decidimos compartilhar essa rica história baseada nas memórias dos nativos e moradores que tanto amam esse bairro.
Uma das primeiras referências históricas a Ponta Negra é a descrição do desembarque, em 8 de dezembro de 1633, de tropas holandesas. Alguns registros de 1877 falam de uma casa de oração no povoado e de uma escola católica pública exclusiva para meninos. O primeiro nome da localidade foi Cabo de São Roque, depois passou a se chamar Ponta Preta, isso graças à quantidade de pedras pretas vistas de cima da estrada mas depois, Ponta Negra caiu no gosto popular.
Os registros escritos sobre a história de Ponta Negra são escassos e, para fazer escrever esse capítulo, tomamos como ponto de partida os anos 1940, pois o texto que utilizamos como referencial histórico para analisar a comunidade, retoma seu cotidiano e seus laços familiares a partir dessa década. O texto em questão é: A Família e Mudança Social, tese de Mestrado da antropóloga norte-americana Martin Lois Garda, defendida em 1983, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
O Início
Bem antes de ser ponto turístico da Cidade do Sol, Ponta Negra era um povoado de agricultores e pescadores, vivendo independente do centro da cidade e cercado de dunas cobertas pela vegetação nativa de tabuleiro costeiro e um extenso mar azul de águas mornas e calmas. Um verdadeiro paraíso!
A população era praticamente auto-suficiente no que diz respeito à alimentação, pois tudo era produzido dentro do território da comunidade. As tarefas diárias (o trabalho) eram assim divididas: os homens praticavam a pesca artesanal, a agricultura de subsistência plantando milho, feijão, mandioca entre outros e produziam carvão. As mulheres produziam renda de bilro e colhiam frutas da estação no Tabuleiro Costeiro para vender no centro da cidade e também cuidavam dos afazeres domésticos e dos filhos. Três casas de farinha concentravam a produção, reunindo famílias em cantigas, danças e cooperativismo.
O desenvolvimento urbano desse povoado teve início na década de 1940, mas sua primeira grande transformação social e econômica aconteceu após quase 20 anos de disputa pelas terras agricultáveis entre os nativos e Fernando Pedroza - corretor imobiliário com grande influência política no Estado e cuja família já criava algumas cabeças de gado nas terras de Ponta Negra.
Para que possamos compreender o porquê dessa disputa é necessário abrir um parêntese e contextualizar um período histórico da cidade do Natal que teve relação direta com essa luta.
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